terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lançada a primeira pedra do Convento de Mafra





A 17 de Novembro de 1717...

Corria o ano de 1711 quando o rei de Portugal D. João V ordenou que se edificasse, em Mafra, um convento dedicado a Santo António. Admite-se que na origem da decisão real esteve uma promessa feita pelo próprio rei para alcançar sucessão, mas são várias as teses - e os mitos - que procuram explicar a decisão real.

António Filipe Pimentel, professor de História da Arte na Universidade de Coimbra, defende que, à luz do ambiente político-religioso da época, a teoria da sucessão é a mais consistente: “A sucessão dinástica era uma questão central na sobrevivência de Portugal como Estado-Nação independente”. D. Pedro II, pai de D. João V, só se tornara verdadeiramente rei após a morte do seu irmão, Afonso VI, que, por sua vez, não era filho mais velho. “O fio dinástico da Casa de Bragança era, então, muito ténue e o facto de D. João V estar casado há três anos sem sucessão podia reproduzir os episódios de turbulência política já vividos”, explica o especialista. A cerimónia de lançamento da primeira pedra deu-se seis anos depois, a 17 de Novembro de 1717. Desconhecidos continuam os motivos para a data escolhida, mas documentos da época demonstram que a cerimónia estava prevista para 17 de Outubro, mas foi adiada. “Para a cerimónia, D. João V mandou edificar uma igreja, ainda que em materiais efémeros, igual àquela que seria construída. Acontece que, numa das noites anteriores à data, um temporal destruiu a obra, sendo necessária reedifica-la”, diz Pimentel. Do lançamento da primeira pedra até à Sagração da Basílica, em 1730, o projecto, sob a direcção do arquitecto João Frederico Ludovice, sofreu inúmeras alterações. De convento para 13 frades passou a palácio-convento destinado a acolher 300. “Foi necessário demolir um monte que existia a nascente do edifício original, alterando drasticamente a paisagem”, refere António Filipe Pimentel. O Convento de Mafra acabou por se transformar no Real Edifício de Mafra. De acordo com o professor da Universidade de Coimbra, mais do que a promessa para alcançar sucessão, o edifício real pretendeu “dar à monarquia portuguesa uma imagem simbólica de poder”. Está-se no esplendor do Barroco, época de exteriorização do poder, e é esse ícone que o rei pretende materializar. Com a ampliação do projecto, o erário da Casa de Bragança não era suficiente para suportar os custos. O ouro do Brasil tornou-se, assim, num elemento fundamental. Apesar de o Real Edifício de Mafra ser considerado, por muitos, um desperdício de recursos, António Filipe Pimentel discorda: “Evidentemente que é o expoente máximo de um reinado que dispõe de meios económicos, mas não foi ele que absorveu o ouro do Brasil, que foi disseminado por várias iniciativas”.

(Elsa Costa
http://mediaserver.rr.pt/)

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